domingo, 4 de outubro de 2009

NÃO É ERRADO FALAR ASSIM! Em defesa do português brasileiro-São Paulo, Parábola , 2009


Já passou da hora de professores, gramáticos, dicionaristas, autores de livros didáticos, elaboradores e corretores de provas de concursos, revisores e outros profissionais envolvidos com a linguagem deixarem de considerar como "erradas" tantas opções lingüísticas que há mais de um século estão definitivamente incorporadas à gramática do português brasileiro, ocorrendo inclusive na língua escrita mais monitorada, para não mencionar a literatura consagrada.Este livro faz uma defesa explícita do vernáculo brasileiro contemporâneo, com base nos resultados obtidos em investigações realizadas sobre ele por centenas de pesquisadores nos últimos quarenta anos. Não tem mais cabimento corrigir o que não está errado, punir o que não é crime, castigar quem é inocente. O português brasileiro é a nossa língua materna. Temos de ver e ouvir essa língua com olhos e ouvidos de brasileiros.Não se trata, porém, de querer abolir as formas tradicionais, clássicas, para impor as formas inovadoras, diferentes das padronizadas. Quem quiser continuar usando elas, que fique à vontade. Queremos apenas que as formas alternativas de falar e de escrever sejam também consideradas boas, bonitas e legítimas, e que sua análise e descrição sejam incorporadas serenamente nos materiais didáticos.Também não se trata de propor um "vale-tudo" lingüístico, como algumas pessoas desavisadas (ou mal-intencionadas) vêm apregoando ultimamente nos meios de comunicação. Se é verdade que o convívio social necessita de normas, também é verdade que essas normas (numa sociedade democrática) têm que ser renovadas e aperfeiçoadas periodicamente, para que elas estejam a serviço dos cidadãos (e não contra eles), para que todo cidadão se reconheça nelas e queira segui-las. Até agora, porém, temos sido oprimidos por prescrições obsoletas, incoerentes e autoritárias que muitas vezes contrariam o saber lingüístico intuitivo que todo e qualquer falante tem do bom funcionamento de seu próprio idioma. E, pior que tudo, essas prescrições são usadas como instrumentos autoritários de repressão e de exclusão social. Vamos fazer valer a nossa língua materna! Vamos desarmar o nosso convívio lingüístico!

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